16 dezembro 2007

clarice lispector

algo está sempre por acontecer.
o imprevisto improvisado e fatal me fascina.
já entrei contigo em comunicação tão forte que deixei de existir sendo.
você tornou-se um eu.
é tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
é tão silencioso.
como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
dificílimo contar: olhei para você fixamente por uns instantes.
tais momentos são o meu segredo.
houve o que se chama de comunhão perfeita.
eu chamo isto de estado agudo de felicidade.

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...porque eu me imaginava mais forte.
porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava.
não sabia que somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.

clarice lispector.

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