ontem assistimos uma parte do documentário o mar sem fim, que narra a circunavegação da antártica por amyr klink.
como diz o texto na orelha do seu livro "poucas pessoas poderão ter gozado da solidão como alternativa, ou seja, do convívio exclusivo consigo mesmo, com o usufruto de um prazer tão compelo como fez amyr klink em suas viagens a bordo do paratii."
sua aventura foi única, nunca feita antes. ele deu a volta ao mundo mais curta, mas rápida e mais difícil.
tenho o livro em casa e vou ler novamente.
há duas passagens que eu gosto muito. uma delas vou colocar aqui.
(eu tenho loucura por saguão de aeroporto, digo, pelo saguão de chegadas. adoro ver o reencontro, a emoção, a docura de um longo abraço, o sorriso tímido - ou rasgado - ou carregado de lágrimas de quem está morrendo de saudades.) o chegada de amyr klink foi pelo mar, não pelo ar. muito mais belo ter a natureza como cenário, ao invés de janelas e paredes. mas tão poético e emocionante quanto qualquer reencontro.
esse trecho do livro fala da chegada de amyr klink à sua casa, em parati, depois de 5 meses longe de terra firme, longe de casa e marca o seu reencontro. com sua família e com ele mesmo.
"... 'nem negro, nem romano', pensei de brincadeira. 'o mar sem fim agora é brasileiro'.
dobrei - na frente - a ponta de jurumirim e entrei na baiazinha de casa. os três ou quatro barcos ficaram para trás. não vi sinal das meninas.
'aonde estão?' gritei para o tigrão. ele sabia de quem eu falava e imediatamente apontou.
'na praia!'
devagar, me aproximei da bóia branca que marca a ponta do paratii no meio da baía. de joelho no convés, passei rápido, o cabo da alça da bóia e amarrei no cunho da proa, com a ajuda do luís e do hermann.
'pronto! firme no brasil.'
fiquei de pé, e no fundo da baía, na beira do mar, no mesmo pedaço de areia de onte parti em outubro, descobri a marina com os braços cheios de meninas... imóveis, lindas de morrer, chapéuzinhos brancos, a laura e a tamara, uma em cada braço.
tanto mar, em vez de nos separar, nos uniu. em 141 dias de ausência, do início ao fim, paratii fez a sua volta e retornou a jurumirim. a terra é mesmo redonda. ao londo do caminho, pensando bem, nem vento, nem ondas, nem gelo tão ruins, porque, no fim, nada impediu meu veleiro de voltar inteiro a sua baía.
e nada foi melhor do que voltar, para descobrir - abraçando as três - que o mar da nossa casa não tem mesmo fim."
amyr klink - o mar sem fim.
12 dezembro 2007
o mar sem fim
mais aqui: para a alma
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